O episódio envolvendo o prefeito de Manaus, David Almeida, e a jornalista Rhyvia de Araújo, em que o gestor a ofendeu com o termo “fuxiqueira”, ilustra de forma contundente a importância crítica de uma boa assessoria de imprensa para qualquer figura pública, especialmente para gestores. Mais do que meramente divulgar informações, a assessoria de imprensa atua como um filtro estratégico e um guia de conduta, protegendo a imagem do gestor e, por extensão, da instituição que ele representa. Muitas vezes, gestores cometem excessos impulsionados pela adrenalina da entrevista ou do evento, pela pressão do momento ou pela surpresa de questionamentos inesperados, e é exatamente nesses momentos que a assessoria se torna indispensável.
Em situações de crise ou em momentos de pressão, como o vivenciado pelo prefeito David Almeida ao ser questionado sobre os custos de uma obra, a assessoria de imprensa deveria ser o primeiro escudo. Um assessor competente é capaz de:
Preparar o gestor para perguntas difíceis: Antecipar questionamentos e preparar respostas claras, concisas e, acima de tudo, respeitosas. Isso inclui ter dados e informações à mão ou saber como se comprometer a obtê-los sem soar evasivo ou agressivo.
Gerenciar a linguagem e o tom: Orientar o gestor sobre a importância de manter a compostura e a linguagem adequada, mesmo diante de questionamentos incisivos. Ofensas pessoais, como a proferida pelo prefeito, não apenas descredibilizam o gestor, mas também minam a confiança do público na transparência e seriedade da gestão.
Intervir em tempo real: Em um cenário ideal, assessores deveriam ser capazes de intervir sutilmente ou até mesmo de forma mais direta (se a situação permitir) para evitar que o gestor se exceda. Isso pode ser feito através de sinais, frases de apoio que direcionem a resposta, ou até mesmo se colocando à frente para gerenciar a interação com a imprensa.
Construir pontes, não muros: A relação entre o poder público e a imprensa deve ser de parceria, não de antagonismo. A assessoria de imprensa é a ponte para essa relação. Um bom assessor entende que a imprensa cumpre um papel fundamental de fiscalização e informação à sociedade. Atacar um jornalista é atacar a própria democracia e o direito à informação.
Consequências dos excessos sem uma assessoria eficaz
A ausência ou a ineficácia de uma assessoria de imprensa de qualidade podem gerar consequências devastadoras para a imagem de um gestor e de sua administração:
Dano à reputação: O episódio do prefeito de Manaus rapidamente se espalhou, gerando uma imagem negativa do gestor como alguém autoritário e desrespeitoso com a imprensa. Isso impacta diretamente sua credibilidade perante a população e outros atores políticos.
Desconfiança Pública: A falta de transparência sobre os custos de uma obra, somada à hostilidade na comunicação, alimenta a desconfiança da população sobre a gestão e suas intenções. Para mitigar isso, espera-se que a assessoria de imprensa agilize o esclarecimento de todos os questionamentos, preferencialmente por meio de uma Nota Oficial clara e abrangente.
Prejuízo à governabilidade: Um gestor que mantém uma relação conflituosa com a imprensa tende a ter mais dificuldades em comunicar suas ações e em obter apoio para suas propostas, impactando a governabilidade.
Crise institucional: Quando o gestor representa uma instituição, como uma prefeitura, seus excessos podem gerar uma crise institucional, arrastando o nome da instituição para o centro de polêmicas desnecessárias.
Em suma, a assessoria de imprensa é muito mais do que um escritório de comunicação. É um setor estratégico que atua como guardião da imagem, da transparência e da boa conduta de um gestor público. O episódio de Manaus é um lembrete vívido de que, sem esse suporte profissional e ético, gestores correm o risco de cometer excessos que podem ter um custo político e de imagem muito alto.
Sobre o Autor:
Ronaldo Aleixo
É jornalista (DRT 96423/SP), filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e ao Sindicato dos Jornalistas de Roraima (Sinjoper). Possui formação como Tecnólogo em Marketing pela Uninter-AM e é pós-graduado em Jornalismo Digital, Jornalismo Investigativo, Docência do Ensino Superior, Gestão de Mídia Social e MBA em Ciência Política: Relação Institucional e Governamental, todas pela Uninter-PR. Cursando Graduação em Direito (UniOpet) e Pós-graduação em Direito Digital (PUC).