
O ativista de extrema-esquerda Thiago Ávila, integrante da Flotilha da Liberdade, que teve sua embarcação interceptada pelas forças de segurança israelenses ao levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, revelou que o grupo já organiza uma nova missão para auxiliar os palestinos na região.
Ávila, em entrevista exclusiva à Agência Brasil, afirmou: “Vamos continuar tentando romper o cerco ilegal de Israel sobre Gaza, levar alimentos e medicamentos e abrir um corredor humanitário dos povos. Para nós, enquanto tiver crianças morrendo de fome em Gaza, essa é a missão fundamental. Já temos um novo barco chamado Handala, ele está quase pronto para ir.” Ele ressaltou a intenção de expandir futuras missões: “Estamos tentando arrumar novos barcos para uma missão maior desta vez. Queremos que seja sempre assim: se Israel atacar uma missão nossa, que saiba que a próxima missão será maior. E que eles entendam que a violência não vai nos parar.”
O ativista detalhou a truculência das forças israelenses, desde a interceptação do barco em águas internacionais até o que classificou como sequestro dos 12 ativistas estrangeiros a bordo. Ele denunciou situações de violência e abuso de poder sofridas pela população de Gaza. “Tudo o que a gente queria era não ser assassinado naquele momento. Nos mantiveram por mais de 20 horas sequestrados dentro do nosso próprio navio, eles estavam fortemente armados”, relatou.
A embarcação, interceptada em 9 de junho, partiu da Itália com alimentos e medicamentos visando furar o bloqueio israelense ao território palestino, que enfrenta grave crise humanitária. Após ser preso em Israel, Thiago Ávila chegou ao Brasil na manhã da última sexta-feira (13), sendo recebido por familiares e apoiadores no Aeroporto Internacional de São Paulo.
Ele descreveu as condições precárias da detenção, com alguns ativistas mantidos em um ambiente infestado de ratos, baratas e percevejos, e forçados a beber água turva e com mau odor. O transporte até a unidade prisional, segundo ele, foi feito em veículos com vidros cobertos e no escuro. “As pessoas estavam amontoadas, não tinham acesso a banheiro, uma delas urinou no veículo. Foi um processo degradante de transporte, com constantes ameaças e violência psicológica”, lembrou Ávila, que, em protesto contra o que considerou um sequestro, fez greve de fome e foi levado a uma cela solitária, além de sofrer ameaças.