O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda-feira (7/7), criticando o processo criminal que ele enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF), onde é acusado de liderar uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Sem mencionar diretamente o STF, Trump publicou na rede social Truth Social que “o Brasil está fazendo uma coisa terrível em seu tratamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro”. Ele acrescentou: “Eu tenho assistido, assim como o mundo, como eles não fizeram nada além de persegui-lo, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano! Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu à mensagem de Trump por meio de uma nota oficial do Palácio do Planalto, rejeitando interferências externas sem citar diretamente o americano. “A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja”, declarou Lula. Ele complementou: “Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito”, em uma referência à acusação contra Bolsonaro.
Trump descreveu Bolsonaro como um “líder forte” que “amava seu país” e afirmou que a eleição de 2022 foi “acirrada”. Ele também alegou que o ex-presidente estaria liderando as pesquisas eleitorais para 2026, o que não corresponde à realidade. Bolsonaro está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não poderá concorrer na próxima eleição. Apesar disso, pesquisas que testam seu nome indicam um empate técnico com Lula.
“Isso não é nada mais, nada menos, do que um ataque a um oponente político — algo que eu sei muito sobre. Aconteceu comigo, vezes 10”, continuou Trump sobre a suposta perseguição a Bolsonaro. Ele finalizou afirmando que os EUA, novamente sob sua liderança, são o país “mais em alta” do mundo. “O grande povo do Brasil não vai tolerar o que estão fazendo com seu ex-presidente. Estarei assistindo à caça às bruxas de Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil — chama-se eleição”, disse, concluindo a postagem com “Deixem Bolsonaro em paz!”, em letras maiúsculas.
A mensagem de Trump surge poucos meses depois que Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, se licenciou do cargo de deputado federal e se mudou para os Estados Unidos. Em março, Eduardo declarou que se dedicaria integralmente a convencer o governo Trump a atuar pela anistia dos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro no Brasil e a obter sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do processo sobre o golpe de Estado no qual o ex-presidente foi denunciado.
Após essa movimentação, o STF abriu um inquérito em maio para investigar Eduardo Bolsonaro pelos crimes de coação, obstrução de investigação e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, devido à sua atuação nos EUA. Na ocasião, o filho do ex-presidente criticou a decisão, alegando que “a esquerda passou anos viajando o mundo para falar mal da Justiça brasileira”. Ele acrescentou: “E agora eu, que denuncio as verdadeiras violações de direitos humanos e perseguições políticas, essas mesmas pessoas pedem para que o Moraes confisque o meu passaporte e me prenda por abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Dá para acreditar?”. Eduardo Bolsonaro concluiu: “Moraes, Lula e o PT não defendem a democracia. Eles defendem só os próprios interesses.”
Nesse contexto, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ameaçou Moraes com possíveis sanções previstas na Lei Global Magnitsky em maio. Essa legislação americana permite punições a autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou graves violações de direitos humanos, como a proibição de entrar nos EUA e de realizar transações econômicas com qualquer pessoa ou empresa americana. No entanto, até o momento, não há informações sobre sanções concretas adotadas contra Moraes.