Os Correios enfrentam uma crise financeira severa, registrando um prejuízo de R$ 2,59 bilhões no último ano. A situação, denunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo (Sintect-SP), levanta questionamentos sobre a gestão da estatal sob a égide do governo federal. Problemas que vão desde o atraso no aluguel de agências e a falta de pagamento a terceirizados até dificuldades no atendimento de saúde dos funcionários, impactam diretamente a operação.
Douglas Melo, diretor do Sintect-SP, ressalta que a crise financeira e operacional já levou a paralisações de motoristas terceirizados por falta de pagamento, prejudicando a distribuição de cargas em diversas regiões, incluindo a zona sul de São Paulo. Centros logísticos importantes em Jaguaré, Santo Amaro, Guarulhos e o complexo Benfica, no Rio de Janeiro, estão entre os mais afetados.
Em resposta, os Correios afirmam que a prestação de serviços de transporte está ocorrendo dentro da normalidade e que estão em contato com os parceiros logísticos para resolver as pendências. A empresa anunciou operações extras aos fins de semana como medida corretiva para garantir a continuidade das entregas.
A estatal implementou um plano ambicioso para cortar R$ 1,5 bilhão em despesas até 2025, que inclui um Programa de Desligamento Voluntário (PDV). Até o momento, 1.176 empregados foram desligados, com outros 2.716 ainda inscritos no programa. No entanto, o sindicato defende a contratação de 3.500 concursados aprovados em dezembro de 2024, argumentando que isso aliviaria a sobrecarga de trabalho. O Sintect-SP também critica a proposta de fechamento ou fusão de agências, citando casos críticos como o da agência Campo Limpo, que enfrenta ordem judicial de despejo, e Ferraz de Vasconcelos, que já foi despejada. A responsabilidade por essas decisões, e o impacto delas na população, recai diretamente sobre a administração federal.
Outra grande preocupação dos funcionários é o plano de saúde. Eles relatam que a empresa não tem repassado os valores devidos, obrigando-os a recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS) em emergências. Os Correios, por sua vez, negam as falhas e afirmam seguir as normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
A situação dos Correios continua sendo monitorada de perto, com a expectativa de que as negociações salariais com a Findect (Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios) comecem até o final de junho. A federação reafirma que os trabalhadores não devem arcar com os custos da crise administrativa e financeira da empresa, cuja gestão é de responsabilidade do governo federal.
Diante do cenário crítico, qual a sua avaliação sobre as ações do governo federal para reverter a situação dos Correios?