O Meme e a falta de uma boa comunicação do Banco Central – Por Ronaldo Aleixo

O marketing engloba um conjunto de ações focadas no desenvolvimento, promoção e venda de produtos e serviços, visando atender às necessidades dos consumidores e superar a concorrência. A comunicação externa, por sua vez, é a maneira como uma instituição interage com seu público externo, demandando clareza, objetividade e alinhamento com a identidade da marca. Ela atua como ferramenta de gestão de marca, fortalecendo a reputação e aprimorando o relacionamento com o mercado, disseminando informações que refletem a missão e os valores da organização.

A missão de uma empresa envolve a difusão de seus valores, visão e propósito. A visão busca construir uma imagem positiva, consolidar a reputação e comunicar seus princípios. Os valores são as crenças e diretrizes que norteiam o comportamento da empresa. O alinhamento de conteúdo garante que a mensagem da marca seja transmitida de forma coerente e eficaz, em consonância com os objetivos estratégicos.

A Polêmica Tentativa de Marketing do Banco Central

Recentemente, o Banco Central (BC) utilizou suas redes sociais para tentar desmistificar os rumores sobre a taxação do Pix. A estratégia escolhida foi a publicação de um vídeo que parodiava a música sertaneja viral de 2024, “Descer pra BC”, originalmente uma alusão a Balneário Camboriú.

Na postagem, a autoridade monetária buscava reforçar a falsidade das alegações de taxação do Pix, utilizando trocadilhos com a letra da canção da dupla Brenno e Matheus. A narração do vídeo adotou um tom informal e até mesmo confrontador: “E aí, meus adoradores de ET? Meus amantes de uma teoria da conspiração e caçadores de tarifa em serviço de pagamento de graça. BC sincero na área ‘full pistola’ porque vocês decidiram descer pra BC no comecinho do ano com essa lorota de que o Pix vai ser cobrado. Nada muda nas regras do Pix, bebê.”

Curiosamente, a publicação do vídeo ocorreu no mesmo dia em que o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a revogação de uma norma da Receita Federal que ampliava a fiscalização sobre transações de pessoas físicas via Pix acima de R$ 5.000 mensais, norma essa que o próprio governo alegava ser alvo de fake news.

A Estratégia Mais Adequada: Uma Nota de Esclarecimento Eficaz

Em contraste com a abordagem utilizada, uma nota de esclarecimento bem elaborada seria uma ferramenta mais eficaz para o Banco Central comunicar-se com o público. A nota de esclarecimento é crucial para preservar a credibilidade, garantir a transparência e gerenciar a reputação de uma organização. Ela se mostra pertinente em diversas situações, como desmentir boatos, esclarecer mal-entendidos, refutar informações incorretas e fornecer detalhes adicionais sobre assuntos já divulgados.

Para redigir uma nota de esclarecimento impactante, alguns princípios são fundamentais:

  • Honestidade e Imparcialidade: A informação deve ser precisa e desprovida de viés.
  • Linguagem Clara e Objetiva: A mensagem deve ser facilmente compreendida por todos os públicos.
  • Argumentos Consistentes: As afirmações devem ser embasadas em fatos e dados verificáveis.
  • Evitar Ofensas Pessoais: O tom deve ser profissional e respeitoso, mesmo ao refutar informações.
  • Citar Fontes de Alta Qualidade: Referências confiáveis reforçam a credibilidade da nota.

Ao optar por uma abordagem de marketing informal e potencialmente polarizadora, o Banco Central pode ter arriscado a clareza da sua mensagem e a percepção de seriedade e confiabilidade que a instituição naturalmente demanda. Uma nota de esclarecimento concisa, direta e fundamentada teria provavelmente alcançado o objetivo de desmistificar os boatos de forma mais eficaz e alinhada com a sua imagem institucional.

Mas veja o que conseguiram fazer, meu Deus;

 

 

Ronaldo Aleixo é um jornalista com registro profissional DRT 0095423/SP. Sua formação acadêmica abrange diversas áreas, incluindo Tecnologia em Marketing, Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior, Pós-Graduação em Jornalismo Digital e Pós-Graduação em Gestão de Mídia Social, estas últimas duas pela Uninter, com abrangência nos estados do Amazonas e Paraná.

 

 

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