A saúde pública no Amazonas vive um momento de crise profunda, com o município de Itacoatiara no epicentro de um colapso que escancara a contradição entre investimentos milionários em organizações sociais de fora do estado e a precariedade dos serviços para a população local.
Enquanto hospitais na capital, como o Delphina Aziz e o Complexo Hospitalar Sul, recebem mais de R$ 3 bilhões em acordos com empresas privadas para sua gestão, a situação da saúde para o cidadão comum é alarmante. A AGIR, organização sediada em Goiás, por exemplo, abocanhou mais de R$ 30 milhões desses contratos, mesmo com denúncias de corrupção em seu estado de origem, levantando sérias questões sobre a transparência e a real prioridade desses investimentos.
Em um cenário de contratos vultosos com empresas externas, os profissionais de saúde do Amazonas, que atuam na linha de frente, enfrentam atrasos salariais desde setembro do ano passado. Essa situação revela um aparente descaso do governo com aqueles que são a base do atendimento à população, evidenciando a falta de prioridade para os trabalhadores locais.
Itacoatiara: um grito por socorro ignorado
Em Itacoatiara, a população vive o reflexo mais cruel desse colapso. Apesar da entrega de R$ 387,7 mil em crédito rural e a distribuição de 3,6 toneladas de alimentos, a ausência de investimentos efetivos na saúde é palpável. O hospital José Mendes está colapsado, e a voz de um repórter local ecoa o desespero: “a população está desesperada e não aguenta mais promessas vazias. (…) Precisamos de ações imediatas, não de discursos.”
Governador evita confronto e acende dúvidas
A visita do governador Wilson Lima a Itacoatiara, em 4 de junho, tornou-se um palco de evasivas. Questionado por um repórter sobre medidas concretas para a calamidade na saúde, o governador “fugiu, fez cara feia e deu as costas” ao cidadão. Cercado por assessores e sem respostas convincentes, o episódio lança sombras sobre sua gestão e coloca em xeque sua pré-campanha ao Senado, alimentando a indignação da população amazonense, que clama por transparência e ações que atendam às suas necessidades reais. Procuradas pela reportagem, a Secretaria de Comunicação (SECOM) e a Secretaria Executiva de Ações Sociais (SEAS) não quiseram se posicionar.