Festival Folclórico do Amazonas tem noite marcada por fé, resistência e memória ancestral

O público viveu mais uma noite de celebração que uniu tradição, espiritualidade e encantamento popular

Foto: Aguilar Abecassis / Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Com apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, a sétima noite do Festival Folclórico do Amazonas, na sexta-feira (18/07), foi marcada por uma sucessão de espetáculos que atravessaram tempos e territórios: da resistência indígena ao cangaço, da fé sertaneja à ancestralidade afro-brasileira, artistas levaram ao palco do Centro Cultural dos Povos da Amazônia performances carregadas de luta e identidade.

O grupo Garrote Renascer abriu a noite com um enredo forte: a guerra entre os povos originários e a conquista da paz. Segundo o coordenador Natanael Cardoso, a proposta era sensibilizar o público para o esforço histórico dos indígenas por território e sobrevivência, até alcançarem a sonhada tranquilidade: “Queríamos mostrar a guerra que existia entre os povos indígenas e como, depois de tanta luta, eles conseguiram a paz.”

Na sequência, a dança nordestina Cabras do Capitão Rufino resgatou o imaginário do sertão com o tema ‘Raízes do Nordeste: Fé de um cabra da peste’. Em cena, a fé como força que move o povo nordestino diante da seca, da luta e da esperança.

Para Cleide Araújo, brincante do grupo, a apresentação teve um sabor pessoal: “Este ano represento Sebastiana, uma mulher do sertão que era minha mãe. Então, estar aqui é representar minha própria história.”

A ancestralidade foi protagonista no Cacetinho Waimiri Atroari, que apresentou ‘A Revelação Mortal’, um espetáculo impactante sobre o massacre do povo Kinja em 1974. Inspirado na Festa da Colheita, o enredo traz um pajé que prevê a destruição da aldeia por um “pó branco” lançado do céu.

“Estamos aqui para preservar a memória dos nossos povos. Essa é uma homenagem ao nosso sangue”, declarou José de Arimateia, coordenador do grupo.  O narrador Leonardo dos Anjos resumiu: “A gente luta para manter viva a história dos povos originários.”

Na quarta apresentação da noite, a dança nordestina Cabras do Capitão Silvino contou, com vigor e poesia, ‘A saga de Lampião’. Cores, ritmos e passos marcantes recriaram a trajetória do cangaceiro mais icônico da história brasileira, com destaque para a força de Maria Bonita e os conflitos entre justiça e violência.

“Foi um sonho de infância interpretar o Lampião”, disse emocionado o brincante Samuel Ribeiro. O diretor Jorge Valente ressaltou os desafios enfrentados:  “Este ano foi difícil, mas seguimos firmes, porque sabemos a importância de manter essa história viva.”

O grupo Serafina apresentou a dança regional ‘As danças nortistas’, uma viagem pela musicalidade amazônica, com números de ciranda, jacundá, maçariquinho, arara, boi-bumbá e carimbó. O coreógrafo Rhandy explicou: “Queremos mostrar a riqueza da nossa região e valorizar tudo aquilo que está se perdendo.”

Encerrando a noite, o grupo Nordeste Sangrento levou à arena ‘Exu – A terra de Luiz Gonzaga’. A apresentação entrelaçou a trajetória do Rei do Baião com os conflitos sangrentos entre famílias rivais no sertão de Pernambuco, evocando o peso da história e o orgulho do povo nordestino. A performance foi uma verdadeira aula sobre o Brasil profundo — de dores, raízes e resistência.

Programação

Neste sábado (19/07), o público poderá prestigiar as seguintes apresentações: Dança Nordestina com o grupo Cabras de Lampião, Cacetinho com os Tarianos do IFAM, Dança Nordestina com o grupo Pisada do Sertão, Dança Regional com o grupo Simetria Norte, Dança Nordestina com os Justiceiros do Sertão e, encerrando a noite, a apresentação dos Povos Indígenas com o grupo Cuximiraíba.

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