Usuários de unidades de saúde da prefeitura recebem orientações para combate à violência contra idosos

Fotos - Divulgação / Semsa

No “Junho Violeta”, mês de conscientização sobre a violência contra a pessoa idosa, os números do agravo no Brasil chamam a atenção, com o registro de mais de 960 mil violações em 2024, segundo o painel de dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH). A Prefeitura de Manaus integra a mobilização nacional promovendo, ao longo deste mês, o reforço nas ações de educação e orientação sobre direitos da pessoa idosa nas unidades da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).

As ações do “Junho Violeta” da Semsa abrangem unidades de toda a rede municipal de saúde, com a realização de palestras e rodas de conversa para usuários nas salas de espera. Nas atividades, as equipes de saúde abordam os direitos elencados no Estatuto da Pessoa Idosa, os tipos de violência contra essa população, os canais de denúncia de violações, entre outros temas.

A chefe do Núcleo de Atenção à Saúde do Idoso da Semsa, Eliny Rocha, relata que as ações de conscientização ocorrem o ano inteiro nas unidades, sendo intensificadas no “Junho Violeta”, quando se celebra o Dia Mundial de Combate à Violência contra a Pessoa idosa, no dia 15. Além de chamar a atenção para o problema, ela aponta que as atividades reforçam o papel ativo da população na prevenção e enfrentamento dos abusos contra pessoas idosas.

“Quando a população toma conhecimento dos meios de denúncia, ela sabe como se direcionar para relatar situações como negligência e maus-tratos, por isso ficamos muito satisfeitos em fazer esse trabalho de orientação e divulgação dos canais de comunicação”, afirma.

Eliny assinala que algumas atividades vão além das salas de espera das unidades de saúde, chegando a escolas, centros de referência de assistência social (Cras) e outros espaços. “Buscamos falar com todos os públicos, inclusive crianças e adolescentes, para que eles entendam a importância de respeitar e valorizar os idosos em seu círculo familiar, e possam levar esse aprendizado para o resto da vida”, explica.

 

Atividades

A programação do “Junho Violeta” alcança unidades dos cinco Distritos de Saúde (Disas) da Semsa. A coordenadora distrital e apoio técnico da pasta de Saúde da Pessoa Idosa do Disa Rural, Karla Lima, relata que a agenda compreende nove Unidades de Saúde da Família (USFs), sendo quatro na zona rural terrestre e três na ribeirinha, além de duas USFs fluviais, e 23 unidades de apoio rural nas calhas dos rios Negro e Amazonas, que contam com agentes comunitários de saúde (ACSs).

“Além das ações nas unidades, trabalhamos a comunidade escolar e associações de comunitários, e também de forma familiar e individual, nas visitas de ACSs. Tem sido uma boa troca, os usuários prestam atenção e contam que eles mesmos já denunciaram casos de abuso”, relata a gestora, que estima atingir em torno de 500 pessoas nas ações até o final deste mês.

No Disa Oeste, conforme a técnica responsável pelos programas de Saúde Indígena e Saúde do Idoso no distrito, Graciete Carvalho, foram realizadas 28 ações do “Junho Violeta” até a última semana. Aí se incluem palestras nas salas de espera, rodas de conversa com grupos de idosos e entrega de folders nas casas para sensibilização de pessoas idosas e seus familiares. Ao mesmo tempo, ela assinala, as equipes têm ficado atentas a situações de violação de direitos dos usuários idosos.

“Nesse período foram realizadas quatro notificações de negligência, tendo como vítimas idosos que moram sozinhos, ou que são deixados sozinhos e que deveriam ter um familiar prestando cuidado e garantindo seu comparecimento nas consultas e exames”, conta.

Graciete avalia que as atividades já alcançaram mais de 500 usuários da rede de atenção primária no distrito. “O público tem aceitado bem as ações”, observa.

 

Violências 

A violência contra a pessoa idosa, observa Eliny Rocha, não se resume a ações, mas abrange também omissões que causem dor ou sofrimento a pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Nesse conceito se incluem o abandono, a negligência e a violência física e psicológica, bem como outros tipos, como a violência institucional, que ocorre quando a pessoa idosa se depara com situações como exclusão e assédio moral em instituições públicas ou privadas.

Outra forma de violência, aponta Eliny, é a discriminação pela idade, que pode ocorrer até de forma sutil e pervasiva no dia a dia. É o caso, ela exemplifica, do familiar que brinca dizendo, “A senhora é idosa, não manda mais”, ou “O senhor é idoso, não precisa mais estudar”.

“Esse é um tipo de violência velada, que acaba entrando no senso comum e as pessoas acham que é até algo normal. E não é normal, porque também impacta na vida dessa pessoa idosa”, conclui.

 

 

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