OPINIÃO – O Supremo Tribunal Federal e o questionamento do Ensino Jurídico no Brasil

Reprodução site do STF

No curso de Direito, os estudantes aprendem sobre leis, fenômenos jurídicos e desenvolvem habilidades para atuar na área. Contudo, a atuação do STF e a dinâmica da atual Justiça do Brasil podem gerar a percepção, em alguns estudantes, de que a teoria aprendida nem sempre se aplica na prática. Essa realidade complexa pode levar o futuro profissional a enfrentar desafios ao confrontar um sistema que alguns interpretam como influenciado por uma agenda ideológica específica.

Exemplos de Casos e Decisões:

  • Caso Cesare Battisti: Em novembro de 2009, o STF decidiu pela extradição de Cesare Battisti, ex-ativista de esquerda condenado na Itália por assassinatos. No entanto, a decisão final foi transferida ao Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que, em seu último dia de governo, optou por não extraditá-lo, alegando risco à sua vida. A decisão gerou controvérsia, com o governo italiano recorrendo sem sucesso ao STF contra a decisão presidencial. Em 2011, o STF concedeu liberdade a Battisti, reafirmando a prerrogativa presidencial.

  • Indulto a Daniel Silveira: Em contraste, o STF anulou o indulto concedido pelo então presidente Jair Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira, condenado por manifestações contra o Estado Democrático de Direito. A maioria dos ministros entendeu que houve desvio de finalidade, pois o benefício foi concedido a um aliado político.

  • Validade da Lei da Ficha Limpa: Sancionada em 2010, a Lei da Ficha Limpa gerou debates sobre sua aplicabilidade imediata. O STF analisou diversos casos, como os de Joaquim Roriz e Jader Barbalho, com decisões iniciais divididas. Posteriormente, em 2011, o entendimento da Corte se firmou pela aplicação da lei nas eleições seguintes, após a posse de um novo ministro.

  • Mensalão: O STF condenou, em 2007, diversos envolvidos no esquema de corrupção conhecido como mensalão, incluindo figuras importantes do governo e do Partido dos Trabalhadores.

  • Anulação de Atos contra José Dirceu: Em decisão posterior, o ministro Gilmar Mendes do STF anulou atos processuais de Sérgio Moro em ações penais contra José Dirceu, citando a parcialidade do ex-juiz com base em diálogos da Vaza Jato. Essa decisão estendeu a Dirceu o entendimento da Segunda Turma do STF que declarou a parcialidade de Moro nos processos contra Lula.

  • Caso no Tribunal de Justiça do Amazonas: O Portal Chumbo Grosso relata ter sido condenado sem citação adequada, com o TJ-AM aceitando a intimação de pessoa estranha à empresa. A alegação é de desrespeito ao devido processo legal e à Constituição, com recursos judiciais não obtendo sucesso.

  • Alegação sobre Crime de Ódio: Há uma afirmação de que a lei de crime de ódio estaria sendo aplicada de forma seletiva aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro.

A apresentação desses casos busca ilustrar uma suposta inconsistência e influência ideológica nas decisões judiciais, o que poderia levar estudantes de Direito a questionar a aplicação prática do aprendizado teórico e a antever desafios na atuação profissional. A complexidade e as diferentes interpretações da lei, bem como as mudanças na jurisprudência, são elementos intrínsecos ao sistema jurídico, mas a percepção de partidarismo pode gerar desconfiança e críticas.

O Supremo Tribunal Federal e o Questionamento do Ensino Jurídico

O curso de Direito no Brasil oferece uma formação abrangente, que inclui disciplinas fundamentais como Introdução à Ciência do Direito, Filosofia, Sociologia, Direito Constitucional, Administrativo, Penal e Civil. Além disso, os estudantes aprendem sobre o funcionamento do sistema judiciário, os procedimentos legais nos âmbitos civil e penal, métodos de resolução alternativa de conflitos como a mediação, técnicas de pesquisa e redação jurídica, e aprofundam-se na Teoria do Direito, explorando conceitos filosóficos e a função do Direito na sociedade. O currículo também aborda o Direito Comercial, essencial para a compreensão das dinâmicas empresariais e financeiras.

Ao longo da graduação, são desenvolvidas habilidades cruciais como análise crítica, argumentação jurídica, pensamento estratégico, comunicação eficaz, ética profissional e uma visão interdisciplinar do Direito.

Contudo, a perspectiva apresentada sugere que a relevância do aprendizado teórico é relativizada pela atuação do Supremo Tribunal Federal (STF). A afirmação de que “o Curso de Direito começa quando chega nas mãos do Supremo e ponto final” expressa uma visão crítica, onde as decisões da Suprema Corte são percebidas como determinantes finais, sobrepondo-se, em certa medida, ao conhecimento adquirido durante a formação acadêmica. A metáfora dos ministros como “reis dos reis” e “intocáveis da Lei” enfatiza essa visão de um poder judicial supremo e potencialmente incontrolável, restando à população “lutar” diante de suas decisões.

A menção à infinidade de exemplos de “atropelo da Lei” sugere uma percepção de que as decisões do STF, em alguns casos, desviam-se dos princípios legais ou da interpretação tradicional do Direito, impactando a confiança no sistema jurídico e, por extensão, na própria formação jurídica.

Texto: Ronaldo Aleixo DRT – 0095423/SP Fontes de Pesquisa: Portal Terra / Rede Social

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